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Publicada em 25 de fevereiro de 2023 às 10:05 por Victor Moreno

Victor Moreno

Alinhamento de expectativas

Alinhamento de expectativas

                Salvador, 25 de fevereiro de 2023. Sempre que escrevo para esta coluna faço um preâmbulo, uma analogia, para falar sobre meu personagem do dia ou sobre o acontecimento. Dada a seriedade do momento e o clima de preocupação, hoje irei direto ao ponto. Antes de tudo, gostaria de deixar bem claro que o intuito desse texto não é defender e nem justificar nada. Não há cataclismo nesse mundo que justifique a Timbalada que tomamos do nosso rival regional e nem a quebra de expectativas que esse início de temporada vem trazendo. Eu até tentei me alertar no dia 30-12-22 sobre os choques de realidade, mas isso mais pareceu uma colisão frontal entre um Scania atrelado a uma carreta rodotrem 9 eixos carregada com 50 toneladas de ácido sulfúrico e um Celta 2003. Não sobrou pedra sobre pedra. Não apenas ligou o sinal de alerta, afundou o botão. Dito isso, venho aqui trazer uma análise do que é de praxe, do que deve acontecer e do que pode acontecer daqui pra frente no nosso querido Esquadrão de Aço, agora parceiro do City Football Group.

                Dividirei a análise em 3 tópicos: 1 – Modus Operandi do CFG no mercado; 2 – Gestão de crises do CFG; 3 – Análise do nosso elenco e o que está por vir.

1 – Modus Operandi do CFG no mercado.

                A lua de mel acabou e agora estamos caindo na real que estamos sendo tapeados ou está tudo ‘’dentro do planejamento’’? Esse elenco montado com a mescla do sem colete do coletivo do Fluminense, uns que não vingaram na  Europa, remanescentes da Cerei B e a parceria Bah-Ludo é um embuste ou é exatamente aquilo que o CFG costuma fazer quando assume um time ? Vamos analisar a história o primo rico e prioridade do CFG:

Na temporada 08/09, o ManCity foi adquirido pelo CFG e essas foram as primeiras contratações:

                Fonte: Transfermkt

                Percebam o padrão: promessas como Kompany e Jô, uns mais cascudos como Bridge e Bellamy, uns para completar elenco (que já contava com Elano como destaque) e um grande destaque que foi Robinho. Quase nenhum investimento estratosférico (exceção de Robinho que à época foi uma quantia bem cara) e também não houve nenhum resultado expressivo. Era ano de chegada e eles miravam apenas deixar de ser um time iôiô na Premier League.

                Na temporada seguinte, a agressividade no mercado aumentou, nomes como Tevez, Adebayor e Lescott chegaram. Aqui era formada a espinha dorsal do time que futuramente seria campeão, mas ainda não havia identidade de jogo e nem de mercado no CFG.

Fonte: Transfermkt

                Foi só na terceira temporada que eles realmente foram ao mercado com gana, afinco e com vontade de criar um time vencedor. Ali eles já entenderam qual o modelo de jogo que queriam e buscaram jogadores que tratassem bem a bola, que buscasse protagonismo. Destaques como Dzeko, Balotelli, Yaya Touré e, principalmente, David Silva, que à época era cotado como substituto de Iniesta quando o mesmo se aposentasse dentro da Espanha, chegaram para encorpar e criar o time que passaria a ganhar 60% dos títulos disputados dentro de solo britânico.

Fonte: Transfermkt

                Na quarta temporada que o projeto se consolidou com títulos. Nessa altura, Ferran Soriano já estava contratado pelo grupo e a orientação das contratações seguiria uma lógica de tentar ser mais certeiro. Tevez já havia saído do time e Balotelli não vingou e era preciso repor com um grande atacante. O investimento diminuiu, mas a assertividade aumentou. Trouxeram Nasri que era um projeto de craque interessante na época e Aguero, que tornar-se-ia um dos maiores (se não o maior) ídolos do clube.  Esse elenco conquistaria o primeiro título do ManCity em 60 anos.

Fonte: Transfermkt

                Depois do primeiro título, o investimento caiu e o time concentrou-se apenas em repor saídas.

Fonte: Transfermkt

                Conseguem ver as semelhanças entre o primeiro Man City e o primeiro Bahia com o CFG? A montagem de elenco está seguindo a mesma lógica. Mas, está faltando algumas coisas, correto? Até porque se tivesse tudo ok, não estaríamos tomando peia de qualquer time que consiga ligar lé com cré dentro de campo.  

2 – Gestão de crises do CFG

                Durante o mise-en-scene pré-votação, Guilherme Cortizo, o Bellintani, disse uma coisa que eu guardei para quando chegasse esses momentos: quando algo vai mal em um time do CFG, eles fazem uma reunião geral com gente da alta cúpula, gente de outros times do grupo, gente do time que tá fazendo sua torcida sofrer, analisam o que está acontecendo e dão o veredicto do que precisa fazer para dar certo. Ele chega a citar que isso aconteceu com o Girona e eles concluíram que tava tudo indo bem, depois o time encaixou e subiu da divisão na altura.

                Nesse momento, parece que está tudo errado no Bahia. No campo, nada a declarar, fora dele, temos jogadores em cima de trio elétrico sem camisa dançando o ‘boneco’ na véspera de clássico (com anuência do torcedor que grita Uh é ‘fulano’ e diz que Beijoca em 1900 e antigamente chegava ressaquiado e fazia dois gols, vale ressaltar). Mas, eu vou tentar aprofundar um pouco.

                No dia 30-12-22, eu tentei me alertar que esse modelo de jogo demanda tempo para ser implementado. E só existe dois treinadores que eu conheço que conseguem fazer isso em poucos meses: Guardiola e Sampaoli. O nosso treinador é Paiva, então ele tá no universo dos técnicos que precisam de 1, 2 anos para encaixar o modelo de jogo no elenco. Mikel Arteta, do Arsenal, passou 2 anos tomando couro e cacete na Inglaterra pra encaixar esse modelo e agora está colhendo os frutos com um time extremamente jovem, promissor e com cara de campeão.

                Então, Victor, temos que aceitar bordoada até o técnico ensinar jogadores a se comportar em campo, a se movimentar, a preencher espaços e a obedecer esquema tático? Claro que não. Somos torcedores, nosso papel é reagir ao que acontece.  Mas, a turma que decide tem que analisar a coisa sem paixão envolvida. E o que eles podem fazer para acelerar o processo? Trazer jogadores que já estão ambientados a este modelo de jogo e que tenham qualidade suficiente para resolver os problemas do Bahia.

                 

                 E eu, na minha parca e modesta opinião, não vejo outra solução que o CFG possa trazer nas suas reuniões de gestão de crise que não seja a chegada de uns oito jogadores com capacidade, lastro e experiência para chegar, vestir a camisa, descer pro campo e jogar. Eu não quero uma coletiva de Carlos Santoro para pedir desculpas, eu quero ações efetivas.

 

3 – Análise do nosso elenco e o que está por vir

                Hoje o elenco do Bahia conta com:

G – Marcos Felipe, Claus, Thiago

LD – Cicinho, André, Borel

LE – Chavez, Bahia, Ryan

ZAG – Raul Gustavo, Kanu, David Duarte, Marcos Victor, Gabriel Xavier

VOL – Rezende, Acevedo, Diego Rosa, Miqueias, Lucas Araújo

MEI – Mugni, Daniel, Cauly, Patrick Verhon

PD – Kayky, Kennedy

PE – Biel, Jacaré

CA – Everaldo, Goulart, Everton

                Vamos olhar para esse elenco, despir-se por alguns instantes da paixão e imaginar quais jogadores desse selecionado teriam condições de estar em campo em um time campeão de alguma coisa ou classificado para uma Copa Libertadores da América. Afinal, votamos SIM para a SAF com 99% de aprovação porque queremos resultados diferentes do que o Bahia está habituado a conquistar.

                Sendo bem sincero, se eu escalar o time titular ideal aí, eu só consigo imaginar Chavez, Acevedo e André dando a volta no campo com uma taça de respeito na mão e a torcida vibrando. O resto está muito longe, muito verde ou muito abaixo. Desprezando o fator que futebol é imprevisível, eu não consigo mentalizar que esse time vai dar certo. Faltam menos 40 dias para o fechamento da primeira janela, é hora de acelerar as coisas.

                Para além da qualidade técnica, nosso treinador tem reclamado faz alguns jogos que os atletas não executam o que foi pedido pela comissão e clama por reforços. Então, dentro das nossas minúsculas possibilidades de pressionar a atual administração, o torcedor de boné azul do aeroporto conseguiu uma exclusiva com Carlos Santoro e apontou o caminho certo: precisamos de reforços. Às vezes a resposta mais óbvia é a resposta certa. Embora esteja tudo dentro do padrão que o grupo adota, parem de subestimar o futebol brasileiro e reforcem o Bahia, para não ter que sofrer no campeonato brasileiro.

             E para além de entradas, saídas também são necessárias. A essência desse modelo de jogo é a cooperação, o trabalho em equipe. Até os aquecimentos dos times que praticam Jogo de Posição são voltados a atividades lúdicas praticadas em equipe. Não dá para haver mais vaidades e individualismos no Bahia. Se houver jogadores que não estejam dispostos a assumir um papel menor em prol do protagonismo da equipe, tem que sair imediatamente. Não se surpreendam se jogadores importantes forem dispensados, vendidos ou emprestados em breve.

E por fim, dando uma de gato mestre, de analista de desempenho e de diretor de futebol, deixo aqui alguns nomes: Marinho PD do Flamengo, Hyoran MEI do Atlético, Faravelli MC do Del Valle, G. Henrique ZAG do Flamengo, Sasha CA do Atlético, Pituca VOL do Kashima Antlers. Eu não citei nenhum craque, nem jogador espetacular, mas caras que já trabalharam e se encaixaram numa estrutura de Jogo de Posição e tornariam a vida da comissão técnica mais fácil. Se eles quiserem extrapolar e gastar mais uns 80 milhões de reais, tem um mundo de possibilidades de atletas que chegariam  e agregariam muito. Mas, tem que se movimentar. BBMP !

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