é goleada tricolor na internet
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Publicada em 15 de março de 2007 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

Amor próprio

Não. Não fui à Fonte Nova nesta quarta-feira. Domingo, pela primeira vez em 2007, tinha ido ao estádio ver o Bahia por vontade própria. Antes só iria se fosse chamado por meu avô, um senhor que tem na Fonte Nova uma de suas maiores diversões. Mas não fui nesta quarta. E não adiantaram os apelos de meu avô. O que falou mais alto nesta quarta-feira foi o meu amor próprio.

Ir ao Ba-vi domingo foi uma verdadeira aventura. Saí de casa antes das 15h, cheguei à bilheteria da Telemar às 15h20 e dez minutos depois descobri que os ingressos haviam se esgotado. Começou então uma nova aventura, a busca pelos cambistas. Eles se escondiam da polícia, apesar de eu não ter visto muita vontade dos nossos policiais em combater a prática, que constitui crime contra a economia popular. Encurtando a história, quase 20 minutos depois consegui comprar os ingressos, pagando o dobro do preço comum.

Mas tudo valia a pena. O clima de festa começou cedo. Desde o início da tarde eu percebia que seria um massacre da torcida do Bahia sobre a do Vitória. Nas ruas encontrava-se uma proporção de dez torcedores tricolores para um rubro-negro. Dentro da Fonte Nova não foi muito diferente disso. Faz tempo que eu não vejo a torcida do Bahia ser tão superior em número à torcida rubro-negra. A proporção de torcedores lembrava um Bahia x Flamengo.

Mas o time de Petrônio, sem zagueiros e com um treinador medroso, mais uma vez decepcionou. O massacre das arquibancadas se transferiu para dentro do campo, mas mudou de lado. O Vitória poderia ter matado o jogo no primeiro tempo, devido às facilidades para penetrar na defesa tricolor.

No início do segundo tempo, mais um gol. Falha de Paulo Musse. Mais uma, pois o nosso arqueiro já havia falhado contra o Itabaiana. Só a torcida do Bahia acreditou que Paulo Musse tinha aprendido a jogar bola. Com um histórico de falhas, ele saiu do Vitória pela porta dos fundos e nunca se firmou em nenhum time depois do rubro-negro. Mas a competentíssima diretoria de Petrônio resolveu dar asilo para um goleiro que já teve seu atestado de incompetência assinado aqui mesmo em Salvador, no nosso maior rival. E o pior, Arturzinho o promove a titular, deixando Darci no banco. Hoje nem temos mais Darci para substituir Paulo Musse. Todo grande time começa por um grande goleiro. Será que podemos dizer que todo time fraco começa por um goleiro igualmente ruim?

Mas o Bahia empatou. O Bahia, não. Moré empatou a partida. Jogando sozinho, o nosso melhor jogador foi buscar um empate heróico. Eu pensava: “dos males, o menor, pelo menos é um empate com gostinho de triunfo”. Mas o time de Arturzinho recuou. Estava escrito que tomaria o terceiro gol. O quarto eu não imaginava, mas foi um castigo merecido para um time medroso. Ao final do jogo ainda ouço Arturzinho dizer que todos pensavam que o jogo estava decidido após o empate. Ora, não havia ambição para se buscar o triunfo. A torcida pedia “mais um”, mas o nosso treinador estava satisfeito em ter conseguido o empate. O pior, ele estava acomodado e passou essa acomodação para o time. O resultado foi o que vimos.

O medo de Arturzinho também pôde ser percebido antes da partida contra o Goiás. O Bahia estava enfrentando um time em crise, que vinha de derrotas em casa contra fracos adversários do Campeonato Goiano. Mas Arturzinho, como sempre, foi cauteloso. Queria apenas garantir o jogo de volta, pensando pequeno, como pensa pequeno esse grupinho que comanda o Bahia. Todos devem estar satisfeitíssimos com o empate conquistado dentro dos nossos domínios.

Por esses motivos, não fui à Fonte Nova. Pretendia ir, seria a única chance de ver um time da Série A jogando por essas bandas. Mas meu amor próprio falou mais alto. Chega de sofrimento, chega de humilhações. Chegou a hora de criarmos vergonha na cara e mostrarmos que esse não é o Bahia que aprendemos a amar. Por mais difícil que seja para alguns ficar sem a Schin de um real, o espetinho de gato e o bate papo com os amigos.

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