Em pleno século XXI, é difícil ingerir a ideia de que o Esporte Clube Bahia tenha 50% da receita de televisão do Botafogo no Campeonato Brasileiro. Discrepância injusta. O tricolor baiano está entre os 10 clubes que mais ganhou em Pay-Per-View no brasileirão de 2014. O Bahia tem quase o mesmo número de torcedores que o Botafogo, algumas pesquisas de mercado sinalizam o Esquadrão de Aço com retorno de mídia maior que o clube carioca.
Quando o parâmetro são os campeonatos estaduais, a diferença é ainda maior. A toda poderosa transmite em rede nacional apenas os jogos do eixo Rio-São Paulo, com cotas mais de seis vezes maiores que a do Bahia. Até podemos entender o amadorismo do jurássico modelo de gestão aplicado na Federação Bahiana de Futebol (FBF) e a diferença técnica, mas nada que justifique tamanha diferença.
Para piorar, o maior clube do Nordeste há muitos anos não tem uma gestão a sua altura. O atual mandatário, em medida puramente sensacionalista, viajou junto com o presidente da FBF para visitar a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), outro órgão com gestão jurássica. Na oportunidade, falou em fomentar a responsabilidade fiscal nos clubes. Quanta ironia. Recentemente, uma empresa acionou o Tricolor na justiça cobrando pagamento de serviços prestados.
Historicamente, os clubes que detém maiores receitas são os mesmos que possuem melhores resultados em campo. O que aconteceu com o Bahia em 1988 foi algo muito raro no futebol brasileiro — um clube de orçamento muito inferior ser campeão. Infelizmente, a maioria dos torcedores só enxerga a atuação dentro de campo, não sabendo a importância que existe a gestão das agremiações.
Com vários erros na transparência, que dificulta a aplicação eficiente da governança corporativa e com tímidos contratos de patrocínios, investirem no programa de sócio torcedor é uma alternativa viável. A ordem deveria ser transparência total para os sócios em dia, isso seria um importante chamariz para maximizar o número de sócios adimplentes. Mas a atual filosofia é aceitar parceria com o rival para dividir cotas defasadas.
Não adianta dizer que somos grandes se não nos comportarmos como grandes. Já vi vários torcedores reclamando nas filas de bilheteria, sobre ter que levar comprovante de pagamento. Tudo bem que a ideia de fomentar a adimplência é válida, mas isso poderia ser feito via sistema. Ah, mas o sistema é caro! Façamos permuta com empresas do setor…
Já presenciei um torcedor reclamando do preço da camisa oficial infantil por ser quase do mesmo valor que a padrão — no mercado produtos infantis tem desconto de até 50%. Problemas administrativos sempre irão existir, mas as soluções só serão tomadas, por pessoas qualificadas. Isso não quer dizer que fazer jornalismo e uma pós-graduação em gestão esportiva resolva. É preciso ser administrador por formação para ser habilitado a trabalhar com liderança, planejamento, estratégicas e decisões.
Com alguns erros notados nesses primeiros meses da atual diretoria, é fácil identificar que nenhuma ferramenta de gestão está sendo aplicada com seriedade. Nem a análise de SWOT (onde são detectados os pontos fortes, pontos fracos, oportunidades e ameaças), nem a matriz BCG (onde são detectados a taxa de crescimento do mercado e participação no mercado), nem o Coaching (Ferramenta de alta performance para atingir os objetivos propostos), entre outras.
Gestor do terceiro milênio tem que procurar se habitar tecnicamente, tem que conhecer o clube, conhecer a torcida, conhecer o mercado, conhecer as demandas… Tem que ter um olhar 360 graus. Caso contrário, seremos enganados eternamente.
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