é goleada tricolor na internet
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Publicada em 2 de dezembro de 2012 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

Comemorar o quê?

Vencemos o poderoso quase-lanterninha do campeonato. Com um golaço de Rafael, este centroavante vigoroso e matador. É hora de comemorar! Comemorar o quê, sacripanta? É alívio. Mas, comemorar?

Comemorar que não caímos? Que vamos jogar a primeira divisão de novo em 2013? Isso não era óbvio desde o começo do campeonato? Era pra ser. Nunca foi.

Comemorar o pior ataque do campeonato? Comemorar só ter triunfado cinco vezes dentro de casa, em 19 partidas?

Comemorar pagar 200 mil reais a Zé Roberto, pra jogar essa bolinha que não serviria pra entrar nem no baba da minha rua? Pelo menos ele foi inteligente na entrevista pós-jogo, dizendo que isso era a obrigação mínima do Bahia, que os jogadores têm consciência que ano que vem precisa ser diferente, mais de acordo com a grandeza do Bahia. E por acaso dá pra confiar?

Comemorar que a direção trouxe um jogador de seleção, campeão mundial, como Kleberson? Que joga essa bola toda que nem consegue ser titular, num time com Fahel, Hélder, Diones?

Comemorar as contratações de estrelas do nosso futebol como Mancini, Caio César e Cláudio Pitbull? Todos os supostos protagonistas trazidos pelo Bahia esse ano estão no banco – quando muito!

Comemorar a quantidade atacadista de contratações do Bahia e só uma (uma!) virou titular do time? Só Neto, nesse Brasileiro (e só no segundo turno)!

Comemorar ficar atrás de times bem menos expressivos e de porte financeiro menor que o nosso? Ficamos atrás de Náutico e Ponte Preta.

Comemorar que, este ano, fizemos um mísero pontinho a mais que ano passado (quando, aliás, nos salvamos mais cedo e tínhamos a desculpa dos 7 anos fora da elite)?

Comemorar que, num time que tem feito boas campanhas nos juniores, apenas Jussandro foi aproveitado, e só depois de um turno inteiro de caos na lateral esquerda? E olha que o nosso melhor jogador, disparado, é uma cria da base!

Comemorar as vendas suspeitas e nebulosas de promessas das divisões de base, ou de percentuais deles?

Comemorar que Souza é o nosso matador e joga metade dos jogos do campeonato? E, o pior, não tem sequer um mísero jogador reserva que chegue perto da qualidade dele? E olha que estamos falando de Souza, e não de Ronaldo Fenômeno, Careca, Ibrahimovic ou Marcelo. Um time entupido de atacantes (lembrando de cabeça: Jones, Lulinha, Rafael, Pitbull, Júnior, Ciro) e nenhum presta pra substituir Souza, que dá inúmeras oportunidades pros reservas, já que se machuca o tempo todo.

Comemorar o quê? Numa ótima coluna do Correio*, Marcelo Sant´Ana falou que o problema do Bahia não é de democracia, é de gestão. Eu preciso discordar dele. O Bahia nunca terá uma gestão diferente se não abrir o clube democraticamente. A democracia vai fazer o clube se oxigenar. Novas idéias, novos métodos, novos modelos. Nova gestão. Nas mãos oligárquicas do mesmo grupo de sempre, a essência será sempre a mesma. E é uma essência que só nos empurra ladeira abaixo há pelo menos vinte anos.

É só pegar os campeonatos dos últimos vinte anos. O Bahia lutou pra não cair em quase todos. Salvo uma ou outra exceção, estamos sempre brigando na rabeira. E, por duas vezes, caindo. Jogando 9 anos em divisões inferiores.

Acorda pra vida, Bahia! A democracia será sempre melhor. Por pior que sejam as nossas escolhas, é importante que sejam nossas. E não de uma meia dúzia de caciques que acham que são donos de uma instituição de milhões.

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