Dois aspectos importantes

Contratar uma pessoa sem experiência em futebol para dirigir um departamento vital para o clube, como é a Divisão de Base, não me parece sensato. Seria como dar um avião a quem não sabe pilotá-lo, portanto, um estranho no ninho. Considero as divisões de base o departamento mais importante de um clube de futebol, é dali que virá todo o suprimento que alimentará com qualidade e a custo baixo o futebol profissional, além de ser o portal dos grandes negócios que dará a sustentação necessária à instituição.

Podem até arguir que a competência desse profissional burocrata, no caso Miguel Kertzman, passa por uma equipe de auxiliares que ele formará. Tudo bem, em parte, já que eu parto do princípio de que para gerir um cargo específico eu tenho de estar preparado para ele e não ele para mim.

A base formadora de um clube tem de ser dirigida por pessoas entendidas e qualificadas para o cargo, nada de invenções ou acomodações. Profissionalizar com os nomes certos para os lugares certos facilita sobremaneira. Não tenho dúvidas das boas intenções do presidente Fernando Schmidt para com o Bahia, sei do seu amor pelo clube, mas ele não deve ceder às pressões externas abrindo portas para a incompetência…

Posso estar enganado, mas ensina a prática que erros não servem de exemplo para nada, menos ainda no Bahia, que não pode perder mais tempo com experiências. Se uma página foi virada, que se recomece a outra fazendo a leitura de forma correta, principalmente nesse período de transição pela qual passa o clube.

O Bahia precisa dar uma mexida firme nas divisões de base, para isso precisa ter gente qualificada no departamento com conhecimento profundo da causa. Não questiono a pessoa do Sr. Miguel Kertzman, o que questiono é o seu conhecimento na área à qual foi delegado. Por que não Osni Lopes como Superintendente? Osni viveu toda a sua vida dentro do futebol, é uma pessoa austera quando se trata do lado profissional, altamente organizado e qualificado para o cargo.

Possa ser que eu esteja enganado e o Sr. Kertzman seja a pessoa ideal para ocupar a superintendência das divisões de base, mas que inicialmente me passa a impressão da acomodação de pessoas em cargos, passa-me sim. De qualquer sorte, estaremos aqui para estender a mão à palmatória se ele, Miguel Kertzman, provar ao contrário na prática.

TORCIDAS ORGANIZADAS

Uma atitude austera e corretíssima por parte do presidente tricolor ao cortar esse mimo que o Bahia dava às “organizadas” – cerca de 2.000 ingressos é o que eu soube que o Bahia doava. Ora, o Bahia depende muito do seu torcedor e nada mais justo que essas “organizadas” paguem o preço do espetáculo para ajudar ao seu clube. Qual a diferença entre os grupos organizados de torcedores e o torcedor comum? Talvez o batuque.

Não sei de nenhum benefício direto que o clube tenha pagando ingressos de quem deveria comprá-los. Contra fatos não existem argumentos, falo de um prejuízo real que o clube tem, ou tinha, por cada jogo realizado. Afinal, as torcidas chamadas “organizadas” têm uma pessoa jurídica no topo, a qual seus associados pagam-lhe uma mensalidade, não? Então, não seria a pessoa jurídica quem deveria arcar com o ônus do ingresso do seu associado? Presidente Fernando Schmidt, parabéns pela atitude, não tem de fazer troca que o deixe vulnerável na mão de ninguém. Cada qual na sua e estamos conversados.

À torcida como um todo, um excelente time de futebol é o viés nessa troca natural. Ou seja: Eu pago, tu pagas, eles pagam. Conjugando verbo dessa forma, todos ganham. Se a proposta é de se fazer do clube um exemplo de democracia e seriedade, pois, que se acredite nisso mostrando pela prática. Nada de querer tirar vantagens, torcer é uma condição natural de quem ama seu clube. Gostei da atitude porque evita assim futuros possíveis comandos paralelos ou quaisquer tipo de jurisprudência causada pelas exceções.