Dois fatos positivos aconteceram nesta semana, após o jogo sensacional entre Bahia e Flamengo. Xico Sá, em sua desfrutável coluna no Correio*, dedica todo o texto a Jobson de uma forma muito humana e, por que não dizer, até paternalista… Muito bacana e incentivadora, ao invés de crítica, considerando, sim, a recuperação do homem e cuidando para que não haja retrocesso.
São coisas e pessoas assim que ajudam o jornalismo a cumprir a sua verdadeira missão, que é informar, criticar construtivamente e formar opinião. A Imprensa é, sobretudo, um meio natural, pelo seu objetivo, de esclarecimento ao cidadão e até de ensinamento. Costumeiramente, digo aos meus filhos: leiam jornais e revistas, isto enriquece a teoria.
O segundo fato positivo foi a presença de Jairzinho Furacão da Copa no Fazendão, no intuito de envidar uma parceria com o Bahia para tirar garotos carentes de possíveis caminhos errados. O objetivo é educar, formar o cidadão e o profissional. Esse papel ele executa no Rio de Janeiro através do projeto Fábrica de Talentos Furacão e quer expandi-lo Brasil afora, começando pela Bahia.
Tal iniciativa é digna de elogios e aplausos porque parte de uma iniciativa privada um papel que deveria ser do Ministério dos Esportes. Mas o governo não está muito preocupado com os meninos de rua e muito menos em dar educação ao brasileiro. Vamos ver se, no âmbito estadual, o Governador se engaja no projeto Fábrica de Talentos Furacão.
No Fazendão, Jairzinho elogiou a oportunidade que o Bahia está dando a Jobson de mostrar para o mundo o homem que ele é e ajudar a recuperar a auto-estima do jovem e promissor jogador. Também me junto a todos que acreditam em Jobson como uma pessoa que apenas se deixou levar por falsas amizades e teve essa experiência desastrada nas trevas das drogas.
Tenho um amigo que teve uma experiência fantástica após deixar de ser dependente do cigarro convencional que nem por isso deixa de ser um vício que denomino de suicídio lento. Conta-me ele que, após resolver deixar de fumar, teve sensações diversas ao ponto de disfarçar a tentação da volta mascando palitos, chicletes e o que lhe sugerissem para esquecer o cigarro…
Certo dia, ele, viajando para Aracaju, com oito meses de luta contra o retorno, e já na iminência de ceder ao vício, em plena viagem, parou o carro no acostamento para urinar… Havia chovido naqueles dias e a relva brotava com muita força. Foi então que ele sentiu aquele perfume do campo florescendo, lhe causando uma sensação de liberdade imensa, e qualquer coisa de sentimento de perda sabe lá ele do quê…
Meu Deus, há pelo menos trinta anos não sinto perfume de nada e nem tenho paladar. Só agora me dou conta disso. Obrigado!. Chorou copiosamente. Ele estava comendo uma barra de chocolate e deixou que ela fosse se derretendo, lentamente na boca, só para sentir o sabor desconhecido.
A verdade é que, com o passar do tempo, o organismo vai se reestruturando e organizando sentidos como olfato e paladar, além de ir purificando, à medida do possível, o pulmão. Não sou médico, mas imagino que seja assim.
Esse meu amigo jamais voltou a fumar, e dessa sua história sou um devoto divulgador. O vício é isso aí: acabam-se sonhos, famílias, homens, mulheres e crianças. Feliz daquele que se acha a tempo de cancelar essa passagem pro inferno.
Me junto ao ilustre Xico Sá, Jobson, para lhe dizer que não desperdice essa chance que você está dando a si e, consequentemente, ao seu filho, de quem você quer ser ídolo e exemplo. O Bahia e os baianos te recebem de braços e corações abertos nessa nova fase da tua vida. Seja a alegria desse povo!
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