é goleada tricolor na internet
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Publicada em 21 de setembro de 2022 às 09:57 por Victor Moreno

Victor Moreno

E por falar em saudade

 

Outro dia eu estava caminhando pelas ruas do subúrbio ferroviário e me topei com um saudosista. Uma pessoa espetacular, sentimental, que vive esvaecido no passado. Acrescento: – no passado ele é um gigante. Ele se resplendece. E esse mise-en-scene é de uma beleza altaneira. Um espetáculo. Ele me puxou para um debate sobre a torcida do Esporte Clube Bahia, o tranquilizador de corações, e, com seus olhos esgazeados, deitou falação sobre como antigamente era bom o show da torcida tricolor (antes de incorporar o dourado em suas cores). E tenho que admitir: – ele estava certo.

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Eu observava condensado, atento, ao argumento do caturra, afinal, não tive tantas oportunidades quanto ele para presenciar a complexa, imprescindível e rica apresentação da turma tricolor no extinto Estádio Octávio Mangabeira. Moderno que sou, só me resta o atual. E o que observo é que a torcida do Bahia se sente, se acha. Mais que isso: – a torcida do Bahia é. É barulhenta, é presente, é apaixonada, é alucinada, é bamba. E essa seja, talvez, sua maior qualidade.  Essa imodéstia absoluta, esse narcisismo bonito de se ver. Em jogos do Bahia, existe o espetáculo do campo (nem sempre agradável) e o das arquibancadas que é, no mínimo, emocionante. É uma turma quente, como samba.

E como o passado tem sempre razão, das coisas que fazem falta no desempenho da multidão que é carregada pelo selecionado tricolor em relação ao passado, uma delas são as palmas. Notem, não são aplausos: – são palmas ritmadas. Uma orquestra que se inicia no compasso do samba-reggae e aos poucos acelera até atingir o samba duro. Transe. E digo mais: – estado de alma. Homens, mulheres, crianças e até mesmo cachorros, no mesmo ritmo, cravando o pé no acelerador com o intuito de empurrar o time do Bahia para o ataque. Maravilhoso. Sempre surgia no momento que o gol estava amadurecendo. Mais que isso, às vezes o gol já tinha amadurecido, caído do pé, apodrecido. Vinham as palmas e a mágica acontecia. Reza a lenda que o adversário entrava no embalo, ficava na roda e o Bahia finalmente conquistava mais um tento.

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Surge o que enfraquece melodicamente o samba da torcida do Bahia: – a ausência das palmas. O ponto sonoro da galera é puxado quase que exclusivamente por instrumentos percussivos. Isso é um truncado equívoco, pois, concentrar a geração do ritmo apenas em instrumentos faz com que apenas uma parte do estádio embale. É necessário retornar com o ‘palma da mão’ nas arquibancadas da fonte nova pelo bem do espetáculo. A torcida do Bahia precisa de samba.

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