Estreou e jogou

Não é radicalismo, prejulgamento ou coisas do gênero. Pelo contrário, torço muito pelo sucesso do próximo, e, claro, se o próximo é o treinador do Bahia, então a torcida ainda é bem maior. E aí é que está o problema. A gente torce mesmo, mas o nosso Vagner Benazzi não vigia a sua fala e nem cuida do equilíbrio emocional, então responde a qualquer pergunta que a imprensa lhe faça da mesma forma como se estivesse em reunião privada com o seu grupo. Pode ser franqueza, estilo, abertura, transparência etc., mas não é politicamente correto…

Perguntado sobre se Ramon seria escalado como titular contra o Fluminense, disparou: “vai jogar sim, mas terá de marcar, senão tiro ele com dez minutos”… Em Feira de Santana, o Bahia ganhava de 4 x 0 no segundo tempo e, depois dos trinta minutos, o homem saca Ramon, que não ficou nem um pouco satisfeito e despejou sua ira no portão dos vestiários, esmurrando-o. Pelo menos foi o que informou o repórter da televisão que transmitia o jogo.

Primeiro: não se tira craque de campo, exceto se ele estiver com problemas físicos. Segundo: é preciso lavar a roupa suja dentro de casa. O Bahia é grande e é de massa, as cobranças são enormes e chegam a ser absurdas em alguns momentos, por isso mesmo torna-se complexa a função de técnico no Tricolor. O cara tem de ser bom conhecedor do ofício – não ponho em dúvida o conhecimento técnico de Benazzi – e saber se relacionar bem com o elenco e com a torcida.

Eu até entendo que a sua filosofia de trabalho precisa ser compreendida pelos comandados. O que não posso admitir é que algumas discussões do ponto de vista tático, que só dizem respeito aos jogadores, ultrapassem “muros”. Talvez o Ramon tenha saído de campo chateado por ter sentido algum problema de ordem física, o que explicaria seu gesto de descontentamento ao dar murros nas paredes. Mas devido aos comentários abertos do treinador, anteriormente, sobre a condição tática que seria imposta ao jogador, ficou parecendo que Ramon ficou insatisfeito foi com a sua substituição.

Tecnicamente falando sobre o Bahia de Benazzi, o começo está muito bom. Não é da orientação técnica e tática que falo. O que não acho certo é o estilo aberto – público – do treinador, que deveria aparar algumas arestas no seu de trabalho de forma privada. Falta ao comandante um pouco de habilidade política na condução de alguns aspectos internos que deveriam ser preservados. Porém, se o estilo de liderança de grupo, de Benazzi, for o que ele tem passado até aqui, pelo menos pra mim, então começo desde já a temer pela sua longevidade no Tricolor.

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Tressor Moreno… Que jogador de fino trato com a bola, que visão maravilhosa de campo e jogo! Tem estilo próprio, e encarna exatamente o perfil do “maestro” que o Bahia precisa. Se no primeiro jogo dele encantou a todos, tenho de imaginar uma sequência esplendorosa. Estreou e jogou.

A mesma eficiência do “colombaiano” Tressor não foi demonstrada por Robert, pois, logo no início do jogo teve problemas de contusão e ficou no sacrifício até quando foi possível. Mas ninguém duvide, ele será uma peça muito importante para os objetivos do Bahia neste ano. Aliás, muitos times grandes Brasil afora não estão tão bem servidos de centroavantes como está o Bahia.

Omar… Que goleiro! Este vai pra Seleção Brasileira num futuro não distante. Não poderia deixar de mencionar a tranquilidade desse rapaz em campo, bem como a sua eficiência técnica. Senhores, não têm de contratar jogadores prometendo-lhes titularidade, isto eles conquistam nos treinos e em campo. Talvez se tivessem dito ao Thiago que ele viria para disputar com Omar a posição de titular, ele não estaria queimado. Mas, é claro, faltou autocrítica no jogador e isso contribuiu para que ele entrasse na linha de fogo da torcida.

Marcos… Sou até suspeito para falar deste jogador, pois quando ele despontou no Bahia fiz muitos elogios ao ponto de dizer que seria jogador de muito futuro e poderia chegar à Seleção Brasileira. Posso ter exagerado neste último quesito, mas que ele é muito bom lateral, é sim, e o Bahia ficará muito bem servido com ele e Jancarlos.

Finalmente chegou um treinador com coragem para lançar juniores no time de cima. “Tem de ter cuidado para não queimar o garoto, tudo tem sua hora”. É assim que falam os “entendidos”, que não querem arriscar empregos e acham que se sustentam neles insistindo com jogadores “boleirão”. Palmas pra você, Benazzi – a César o que é de César –, que tem uma visão diferenciada para com a prata de casa. Essa qualidade é inegável em você. Refiro-me a Rafael, centroavante de ofício e de futuro excelente! Goleador emérito, além de muito mais humilde que o “Cruel” com ele mesmo.

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OSÓRIO VILAS BOAS

Há um monte de gente que jamais leu “Futebol paixão e catimba”, do inesquecível tricolor Osório Vilas Boas, e fica escorregando na maionese com afirmações idiotas. Próprio dos ignorantes. Essa gente denomina perversamente o livro de “a bíblia da falcatrua” e não tem o mesmo respeito pela memória de um “monstro sagrado” como tinha Osório pelos seus adversários. Leia e interprete com um mínimo de inteligência “Futebol paixão e catimba” e depois fale. Ou cale-se para sempre. Melhor que ficar falando sobre o que lhe é completamente desconhecido.