é goleada tricolor na internet
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Publicada em 14 de março de 2023 às 17:09 por Djalma Gomes

Djalma Gomes

Jogando poeira na cara da gente

 

 

Renato Paiva é um monstro em matéria de retórica. O moço é didático, articula bem o português, se faz carismático e, indiscutivelmente, é um estudioso do futebol que se conduz bem nas entrevistas explicando as perguntas dos entrevistadores como se fora um mestre em sala de aula. Bom raciocínio, embora prolixo, suas qualidades intelectuais são indiscutíveis. Porém, teoria não é prática e o que resolve é saber e poder passar da teoria à prática quando a bola rola em campo. Está claro que no caso, entre uma coisa e outra, há uma distância imensurável. A inflexibilidade tática de Renato Paiva tem marcado negativamente o Bahia em todas as competições que vem disputando. 

Rever conceitos parece não fazer parte da filosofia do treinador português, que não mostra nem um pouquinho de sensibilidade quando o assunto é uma sugestão para fazer uma reflexão sobre seu conceito de jogo. Ele não está disposto a isso e cria um ambiente desfavorável para si com a torcida e a própria imprensa. O resultado disso vai para o campo de jogo porque torna-se natural uma contenda inconsciente por parte do treinador – teimosia em outras palavras, o que ele chama de convicção. 

Pior para a torcida Tricolor porque sente seus sonhos se desvanecendo ante o desastre do momento atual que nada tem a ver com o que lhe foi passado. Aflita, vê parte dos 500 milhões descendo pelo ralo em contratações nada coerentes com valores gastos até então. Bem pior que isso é saber que nenhuma contratação específica em qualidade tem sido feita – exceto Biel e Acevedo. Só chegam jogadores inexperientes e sem o perfil capaz de impor liderança num grupo fragilizado pelo próprio fracasso. O Bahia é previsível e fácil de ser dominado.    

Explicar esses fracassos do time em campo após cada partida tornou-se algo preocupante porque seus diretores acreditam que essa inflexibilidade tática do treinador faz bem ao Bahia – é o que parece. Aturar Cicinho como lateral e Everaldo como centroavante nem com chá de camomila.  Ver Goulart tentando ser o jogador que foi no passado chega a dar dó.  

Um time de futebol com a tradição do Bahia, jogando com um atleta a mais, levar pressão do Camboriú de Santa Catarina, foi demais para minha compreensão. Perder por absoluta incompetência para o Itabuna, idem. Das duas uma: ou esse time do Bahia é essa casa dos horrores que nos assombra de noite e de dia – acho que não é porque há bons jogadores no elenco, excetuando-se uns quatro entre eles que em minha opinião nem deveriam ter chegado –, ou Renato Paiva é o problema que precisa ser resolvido pela diretoria da SAF com a mesma urgência como um médico tem com um paciente infartando.  

Tomar providências, necessariamente não significa destituição do técnico porque conhecedor de futebol, em tese, ele é. Porém, Renato ainda é um treinador proporcionalmente no mesmo patamar incipiente desse time de jovens que está sendo montado no Bahia: inexperiente; sem rodagem; e sem a devida flexibilidade que um treinador precisa durante uma partida para alternar movimentos táticos. Entendo que o Bahia precisa de algumas “peças” pragmáticas porque as que possui não o são e têm se mostrado insuficientes. Mas o que preocupa nem é tanto assim essa insuficiência técnica, sim a involução do time de jogo para jogo, e isso tem a ver com o treinador. 

Inicialmente não me preocupei muito com alguns resultados não satisfatórios desse novo Bahia.  Eram fatos dentro de um contexto compreensível porque havia e há uma superempresa de futebol, por trás, com muito dinheiro – grana não é nenhum problema para o Bahia – para dar o suporte necessário, uma comissão técnica nova, jovens jogadores recém-chegados, e uma nova filosofia de cima para baixo.  Era preciso montar um esboço para depois qualificá-lo e, enfim, estruturá-lo como time de futebol.  Entretanto, decorridos algo em torno 75 dias nada evoluiu, pelo contrário, só involui.  Abril está à vista e urge uma mudança dentro do que foi planejado filosoficamente para este semestre, no sentido de se fazer realizar o Bahia prometido para estar entre os seis melhores do Brasil. 

A frustração não é somente da torcida Tricolor e nem do Estado da Bahia como um todo, é também de toda a região Nordeste que esperava ver no Bahia o know-how do estilo Guardiola através de um time competitivo e técnico que pudesse estar dando exemplo de organização em campo. Não é o que acontece. Lembro de ter visto e ouvido o CEO do grupo, Ferran Soriano, dizendo que causaríamos muita raiva à concorrência… faltou dizer o porquê.  

– Don Ferrán Soriano, quisiera enterarme si las contrataciones tienes empresarios en el medio. Hay mucho carbón húmedo llegando a nuestro Bahía. Los aficionados gustaria mucho saberlo acerca. 

Mudança de treinador não ocorrerá porque a cultura europeia não funciona como a do Brasil. Na Europa se acredita que futebol é tempo, treino e entrosamento, ao que sou favorável. Mas mudar o esquema tático é uma necessidade premente e insofismável no atual contexto Tricolor. Do jeito que a “carruagem” vai se deslocando, outras “carruagens” e “carroças” passarão a frente jogando poeira na cara da gente. Francamente, a torcida espera que algumas contratações de “peso” cheguem antes do fim de março. Ou isso ou o fracasso anunciado. 

COMPLEXO REI PELÉ 

No dia 31/03 às 11:00, a Prefeitura de Santos-SP, em parceria com o Instituto Arte do Dique, presidido pelo baiano José Virgílio L. Figueiredo – que nos honra como habitual leitor desta coluna –, inaugurará o COMPLEXO REI PELÉ, que entre outras obras edificadas no moderno complexo homenageando ilustres, consta a QUADRA DOUGLAS FRANKLIN. Justa homenagem ao meu amigo Douglas, ídolo eterno do Bahia. A inauguração terá como patronos Rogério Santos – Prefeito de Santos –, e Zé Virgílio Leal Figueiredo – presidente do INSTITUTO ARTE DO DIQUE.  

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