Mãe Diná

Proferir previsões realistas sobre o Bahia dos Guimarães é uma tarefa que dá medo. Sempre que prevejo o futuro desse Bahia sem dentes, acerto na mosca, mas isso não significa que fico feliz por isso. Para minha tristeza – e de toda a nação -, o resultado sempre é conhecermos novos limites não explorados para o que se convencionou chamar de fundo do poço.

Há algum tempo, publiquei um texto em que alertava ao presidente-deputado Marcelo Guimarães Filho sobre a manutenção dos mesmos métodos anti-administrativos (porque de administrativos não podem ser chamados, pois são seu oposto) das gestões anteriores, da política de contratação em massa e sem critérios, da falta de cumprimento das promessas, da falta do plano de associação em massa, do planejamento “o que ocorrer”, e do futuro facilmente previsível de derrotas para o clube.

Naquele texto, encerrei o alerta ao presidente do clube tentando fazê-lo perceber que ainda havia tempo para mudanças que permitissem que ele não tivesse o mesmo destino de seu pai como presidente do clube. Lembro que o adverti para que realizasse as mudanças a tempo de não voltar tosquiado de onde veio buscar lã, como ocorreu com seu progenitor. Logicamente, essa era uma imagem figurada, que não tinha pretensão de interpretação literal.

Dito e feito! O presidente insistiu nos mesmíssimos erros do passado, e o que se viu? Bahia humilhado, presidente rejeitado pela imensa maioria da torcida, com reflexos até no mundo político e o cumprimento de minha infeliz profecia da forma mais literal possível: nós, torcedores, tivemos que passar pela humilhação de vermos nosso presidente ter sua cabeça raspada em um pagamento de aposta.

Após ver aquelas imagens, me arrependi de ter escrito aquele alerta. Até me senti culpado pelo fracasso do Bahia após aquela cena, pois não haveria realização mais concreta da previsão que fiz há alguns meses. Depois dessa, estou absolutamente convencido de que o culpado das mazelas do Bahia sou eu!

Claro que não somente eu, mas também toda a oposição, que está sempre alertando nossos caríssimos dirigentes sobre seus métodos anti-administrativos e suas conseqüências futuras. Afinal, somos apenas aventureiros que devem ser afastados da vida do clube para deixar nossos administradores competentes e repletos de convicção em paz para realizar o “projeto” deles, pois com toda certeza a torcida os ama e o Bahia não precisa dessas mães Dinás agourentas.

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Na perda de rumo habitual dessa administração, o conselheiro da mala branca, que nunca se afastou, agora voltou com força total. Representará o Bahia na Holanda e ainda tentou – sem sucesso, como de hábito – acertar a contratação de mais um proeminente vice para o Bahia.

Gostaria muito de entender essa obsessão da administração dos Guimarães por figuras originárias do aterro sanitário de Canabrava. Fico me perguntando se esse pessoal é realmente Bahia. Não creio que seja isso, mas que fico na dúvida, isso eu fico. Acredito que o mais provável seja uma autocrítica, um reconhecimento da própria incompetência administrativa, o tal do “se não pode com eles, junte-se a eles”.

Há outro fator que acredito pesar bastante para essa obsessão, que é fato de que à exceção das pessoas de seu próprio grupo, os únicos que desejam que eles permaneçam no Bahia são os torcedores do vice, o tal do torcedor símbolo que diz que o Bahia sem dentes é melhor que o Real Madrid e o Barcelona e um cronista que está convicto da convicção de nosso presidente. Acho que nem a família deles está feliz com essa aventura.

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Nada mais a declarar sobre essa tragicomédia baiana e prometo que me esforçarei para não realizar mais previsões realistas sobre o Bahia dos Guimarães.