é goleada tricolor na internet
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Publicada em 11 de julho de 2011 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

Mau Negócio

Hoje, eu gostaria de conversar sobre um assunto muito importante, que é o patrimônio do Bahia.

Mas o que é patrimônio? Bom, o patrimônio de um clube de futebol é tudo aquilo que ele possui. Contabilmente, todos os bens, direitos e obrigações que um clube possui são considerados seu patrimônio. Sendo assim, todos os jogadores cujos direitos federativos o Bahia possua, os recursos financeiros que o Bahia tenha, sua marca, seu escudo, sua imagem e seus bens móveis e imóveis são parte de seu patrimônio.

E por que o patrimônio é tão importante assim? Simplesmente, porque o patrimônio é vital para um clube de futebol, porque sem ele, até mesmo a sobrevivência do clube se torna ameaçada. Além disso, o patrimônio do clube é importante porque é ele quem possibilita a formação e manutenção de grandes times e a conquista de títulos de maneira consistente e constante.

No caso de um clube de massa como o Bahia, além de seus bens materiais, podemos falar também de patrimônio imaterial, pois acredito que não haja outro clube no mundo cujo povo de sua cidade tenha uma ligação tão forte quanto a do Bahia com a cidade de Salvador.

E o que vem a ser patrimônio imaterial? A UNESCO define patrimônio imaterial como todo bem cultural que é passado de geração em geração, de pai para filho, e que é reconhecido por pessoas de um povo ou de uma comunidade como tal, ou seja, como um bem que pertence a esse povo, a essa comunidade.

Quando falamos do Bahia, todo torcedor tricolor de verdade logo pensa na paixão que sente pelo primeiro campeão brasileiro. Quem já tem a felicidade de ser pai, como eu, pensa na herança de alegrias que pretende deixar para seu filho. Também se imagina indo acompanhado de seu filho à Fonte Nova, a Pituaçu, aonde quer que seja, pedir ao nosso Bahia mais um título de glória, chorar, sorrir e se emocionar com o primeiro campeão brasileiro.

Quem, por um acaso, também é filho de um pai apaixonado pelo Bahia, como o meu, também deseja deixar essa referência, essa herança, para seu filho. Portanto, a torcida do Bahia, seus modos, seus costumes, sua alegria, sua felicidade, são um patrimônio imaterial de nosso povo que deve ser transmitido de pai para filho, de filho para neto e assim por diante.

Para deixarmos uma herança de felicidades a nossos filhos, precisamos cuidar de nosso patrimônio, a fim de que ele frutifique e esteja em condições de ser passado de pai para filho. É assim em nossa vida particular, não é verdade? Da mesma forma, não pode deixar de ser com relação ao nosso Bahia.

Por isso, é nosso dever como torcedores zelar pelo patrimônio do clube, cuidando, dando sugestões e, principalmente, fiscalizando e cobrando àqueles que o administram sobre o uso, conservação e alienação de nosso patrimônio.

Então, vou fazer uma pergunta retórica que acredito que todo indivíduo equilibrado responderia negativamente: você, irmão tricolor que me ouve, venderia sua casa pra comprar uma viagem à Europa? Acredito que você considera que isso não seria prudente, não é verdade?

É com um raciocínio semelhante que devemos avaliar as ações da atual diretoria em relação ao patrimônio do clube, pensando de maneira crítica sobre a conjuntura atual. Por exemplo, vamos pensar um pouco sobre a alienação de nossa sede de praia.

A sede de praia do Bahia é um imóvel com um enorme potencial nas mãos de qualquer administrador competente, mas que foi abandonado por décadas de desmando, incompetência e mesquinhez e que, apesar dos pesares, é um símbolo da ligação do Bahia com nossa cidade, incrustado num de seus pontos mais bonitos e valorizados. Ah, quantos domingos se tornaram mais bonitos e felizes para nós pelo simples fato de passar por ela a caminho da praia e ver nossas cores e escudos estampados orgulhosamente em frente ao oceano? Que outro clube no mundo tem esse privilegio? Que outra torcida tinha essa alegria?

Nossa sede de praia é um importante patrimônio do Bahia, tanto no sentido material, quanto do ponto de vista imaterial.

Por este motivo, acredito que, mais do que nunca, a diretoria do clube nos deve esclarecimentos relativos à sua gestão, principalmente sobre o imbróglio com a prefeitura de Salvador referente à desapropriação de nossa sede de praia. Afinal, foi com a intenção de ter um clube mais forte que os sócios do clube aprovaram sua alienação em 2009.

Sendo assim, é com inquietante preocupação que avalio o fato de que nossa sede de praia – cuja alienação foi aprovada em assembléia geral de sócios com os argumentos de que o valor dos transcons a serem recebidos poderiam chegar aos R$48.000.000,00 e com as condições de que um termo de ajustamento de conduta seria assinado para que os sócios do clube tivessem seus direitos assegurados e que um novo estatuto com eleições diretas seria aprovado–, esteja hoje sob a ameaça de ser perdida por meros R$6.000.000,00 segundo informações da promotora do MP, Rita Tourinho, que foi a entrevistada do programa “Tribuna do Bahia”.

Apenas isso, e sem que nenhuma das condições apalavradas pelo presidente fossem cumpridas de fato, apesar de se terem passado mais de dois anos e dos preços dos imóveis em nossa cidade terem subido vertiginosamente desde lá.

Além do descumprimento dos acordos por parte da diretoria do clube, o valor informado pela procuradora é irrisório perante as dimensões das necessidades do Bahia.

Vejamos: para manter um clube minimamente competitivo na primeira divisão do Campeonato Brasileiro, a folha do Bahia deve ser de aproximadamente dois milhões de reais. Logo, os tais seis milhões de reais a serem recebidos pela alienação da sede de praia evaporariam em no máximo três meses de campeonato.

Sinceramente, qualquer torcedor sensato enxerga esse movimento da diretoria como se esta estivesse fazendo com que o Bahia se desfizesse de uma casa muito valorizada para dar um passeio de três meses no exterior. Uma verdadeira insensatez!

Certamente, não foi com isso em mente que os sócios aprovaram esta negociação. Também, não é esta a informação que a diretoria do clube circulou na assembléia à época da aprovação da alienação da sede e nem a que tem transmitido através da imprensa atualmente.

Onde está a transparência no tratamento de nosso patrimônio?

E quanto a você, irmão tricolor, é assim que deseja que nosso patrimônio seja tratado?

Deixo sua companhia com essa reflexão.

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