Moralidade moribunda

Será o fim do início da moralidade no futebol brasileiro, desde que ficaram estabelecidas as novas regras de acesso e descenso, caso o Palmeiras logre êxito de anular o jogo contra o Internacional. Tudo bem, a gente sabe que o desespero é grande, mas daí até querer macular o maior campeonato do mundo vai uma diferença que beira às raias da inconsequência de forma gravíssima. Pelo precedente, inclusive.

O mundo todo viu o soco que Barcos deu na bola para colocá-la no fundo das redes, o próprio jogador admitiu o que negou de má fé até depois do jogo, para em seguida, diante da clarividência do lance, a diretoria palmeirense inventar uma “interferência externa” no momento do “gol” através de uma leitura labial no vídeo, que cabe várias interpretações por ser indiscutivelmente difusa. Agora, em qual leitura labial o STJD se embasaria para anular o jogo, não sei.

Se acontecesse isso com algum clube nordestino, o episódio nem seria levado em consideração pelo STJD. Não é demais lembrar que, quando o Sport do Recife caiu em 2009 para a Segunda Divisão, quem o empurrou foi o Palmeiras de forma escandalosamente imoral, através de uma arbitragem nociva, e ninguém disse nada!…

Mas não disse por se tratar de um clube do Nordeste. Se fosse um clube do Sudeste, o STJD teria, possivelmente, suspendido “temporariamente” o resultado, como fez com o Inter, que já disse, irá às últimas consequências caso o jogo seja anulado.

Não sei, e nem sabe ninguém, o que poderá ocorrer com o nosso futebol caso a anulação do jogo Inter x Palmeiras se concretize, nem os insanos pais dessa estapafúrdia invenção sabem, e não sabem por que são inconsequentes ao ponto de deixar sub judice um resultado absolutamente legal dentro de campo…

Essa insanidade palmeirense mexe com a parte de cima da tabela e também com a parte de baixo, principalmente. Embora acredite eu que a classificação já esteja definida na parte inferior da tabela, com Sport, Palmeiras, Figueirense e Atlético-GO sendo rebaixados.

Dificilmente o contexto se altera para além disso, desde que o campeonato não seja bagunçado pelos dirigentes do Palmeiras e do STJD. Já chega de coisa feia e negativa envolvendo o Brasil. Não tome o futebol para si exemplos da republica brasileira envolvida em grandes escândalos e que permanecem sem solução.

Espero que o STJD julgue devidamente o caso e dê o castigo merecido a quem merece. Não deve simplesmente dizer que a direção palmeirense não tem razão, mas sim punir energicamente os tumultuadores por faltarem com o respeito às regras do jogo que não prevê em nenhuma circunstância validar um gol de mão. Ao Palmeiras já basta o castigo da Segunda Divisão pela segunda vez, vale lembrar, para que nunca se esqueçam disso.

O Bahia, provavelmente, entre como terceiro interessado com uma ação no STJD, reclamando seu direito inalienável de evitar virada de mesa, proteção, ou sei lá o quê, em detrimento de si. Para isso, só aguarda o posicionamento do Internacional, que é interessado direto. Da mesma forma, o Sport também acionará o STJD, e creio que, todos aqueles que possam ser prejudicados, também acionarão a Lei que rege o futebol.

O imbróglio poderá ganhar proporções estarrecedoras para o futebol brasileiro, que está às portas da Copa do Mundo e das Olimpíadas de 2016. Ao Brasil já é bastante pesado conviver com a pecha de não ser um País sério. Agora, vir o glorioso Palmeiras, clube da não menos gloriosa colônia italiana, querer colocar mais lixo nessa fogueira, é pra matar o nosso futebol asfixiado pela fumaça de tantos incêndios.