é goleada tricolor na internet
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Publicada em 11 de maio de 2023 às 09:00 por Cassio Nascimento

Cassio Nascimento

Não é a Champions, é o Brasileirão

A instituição das sociedades anônimas do futebol foi a solução encontrada, no âmbito jurídico, para que os clubes de futebol brasileiros pudessem agir, genuinamente, como empresas; e para que as tradições do associativismo não deixem de existir. O Bahia, naturalmente, embarcou nesta, com uma tacada de mestre de Belintani e cia, associando-se aos gringos do Grupo City, cuja matriz está na semi da Libertadores Europeia.

O torcedor do Bahia, calejado por tantas promessas vazias, nem se empolgou tanto, e, daqui de longe, parece-me que o binhotismo ufanista doravante passou ao anedotário. Contudo, havia uma grande expectativa em torno do desempenho da equipe tricolor em 2023. Eliminação precoce na Copa do Nordeste, um sonoro 6×0 do verdadeiro rival (o de Pernambuco), atuações pífias nas competições e um campeonato baiano sem muito brilho foi o resultado da pré-temporada. No Brasileirão, vencemos dois concorrentes diretos contra a zona de rebaixamento e só. Começando desde já as orações para a próxima partida contra o Flamoda dos Mistos Frios, mordido, em crise e pressionado.

O perfil de contratações, por sua vez, não mudou muito da série B do ano passado para cá. Em vez de Haaland, Everaldo. Em vez de De Bruyne, Thaciano. Um dos melhores da equipe neste ano é o clone cearense de Edigar Júnio, o esforçado e raçudo Jacaré. “Ora, Cássio, como é que se gastam 70 milhões de reais numa equipe do mesmo nível técnico de sempre?” Ora, vejam: o futebol está cada vez mais caro, acirrado e competitivo no Brasil. Apesar do montante em caixa agora à disposição, o Bahia City tem que lembrar que todo mundo está fazendo a mesma coisa; e que não basta grana, e sim, competência.

O advento da SAF, certamente, trará um plus de melhoria técnica ao futebol brasileiro, reduzindo-se o abismo entre América do Sul e Europa, na onda de uma Argentina campeã mundial. Os britânicos somente agora tomaram conta do pedaço, e estão se inteirando mais de perto das necessidades do clube. Por outro lado, a assunção de um grupo estrangeiro do maior (e praticamente único) negócio do tricolor reduzirá o espaço de pressão da torcida; e simplificará a figura do presidente do Bahia (A entidade associativa civil sem fins lucrativos) a um Rei da Inglaterra, país natal do referido conglomerado.

Belintani, por sinal, já viu o quanto pode ser bom esse negócio de SAF; e, SAFo que é, resolveu negociar com o moribundo Santa Cruz, o Fora-de-Série de Pernambuco que vive de uma fita azul de 50 anos atrás e um terceiro lugar no Brasileiro quando eu nem tinha nascido. Ainda com uma grande torcida, porém envelhecida e resignada, o Santinha poderá bater de frente com o rival rubro-negro e fortalecer o futebol nordestino.

Ser presidente do Bahia não é mais “jogo”. A SAF tricolor representa o fim de uma era de extensão da política partidária e de grupos sociais majoritários mandando e desmandando na maior paixão da Bahia e um pedaço de Sergipe. Dará lugar a uma relação distante e com menor potencial de pressão. Contudo, vejo ser o mal necessário para o momento em que estamos vivendo, sob pena de jamais sair do lugar.

O Santos deu de três ontem (poderia ter sido mais) num Bahia desfalcado e insuficiente tecnicamente. Agora que os gringos tomaram conta, só nos resta torcer para que, pelo menos, comecem a trazer reforços mais à altura do G12, para que, pelo menos, possamos um dia figurar na primeira página da tabela.

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