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Publicada em 15 de março de 2024 às 12:18 por Alan Vasconcelos

Alan Vasconcelos

O nascimento do primeiro ídolo da era City

Não, essa coluna não é sobre Cauly.

A idolatria é um fenômeno que pode ser observado em diversos campos da vida, desde a religião até o esporte. No futebol, especialmente, é comum que jogadores sejam elevados ao status de ídolos por seus torcedores, que os admiram não apenas por suas habilidades  mostradas em campo, mas também por sua personalidade e atitudes fora dele.

Em sua essência, um ídolo no futebol é alguém que transcende as fronteiras impostas pelas quatro linhas e se torna uma figura capaz de inspirar os outros. É importante ressaltar, no entanto, que a idolatria não é uma via de mão única: um jogador não se torna um ídolo simplesmente porque é bom em seu trabalho, mas sim porque seus torcedores o escolhem como tal e o elevam a essa posição.

O último ponto (e talvez o mais importante) a ser abordado antes de partir para o assunto principal desta coluna é a influência da mídia na formação do caráter de idolatria, fundamental para desempenhar um papel importante na construção de uma narrativa em prol do “herói” a ser idolatrado. Tendo a mídia como influência máxima, a ideia da existência de um ídolo vai sendo disseminada por outros meios até chegar no popular boca a boca. Esse fator ganha ainda mais força quando a iniciativa é tomada pelos meios de comunicação do próprio clube, como as entrevistas internas e bastidores da TV Bahêa. 

Mas, antes disso tudo que foi citado, é necessário a existência de um fator primordial para que alguém atinja esse status tão nobre: a vontade de ser ídolo. É impossível ser ídolo sem querer. Posso estar redondamente enganado, mas o jogador do elenco atual do Bahia que mais enxergo essa vontade de ser ídolo é Thaciano. E parece que tanto os canais de comunicação do clube, quanto o destino, estão o ajudando a cumprir esse desejo.

Só saberemos quando tiver acontecido

Nascido em Campina Grande, na Paraíba, Thaciano teve sua primeira passagem pelo Bahia em 2021, onde ocupou um importantíssimo papel na conquista do tetracampeonato da Copa do Nordeste. Infelizmente sua primeira passagem não durou muito e as coisas para o Bahia começaram a dar errado após sua saída. Com a gestão do Grupo City, Thaciano retornou e assumiu, mais uma vez, agora na reta final do Brasileirão 2023, um papel essencial na permanência do Bahia na primeira divisão, foi um dos pilares da equipe de Rogério Ceni.

Ceni tornou-se um personagem importantíssimo nessa trajetória de Thaciano no Esquadrão. Foi com ele que o camisa 16 encontrou uma nova maneira de jogar e vem ganhando ainda mais destaque com o passar dos jogos. Thaciano, que antes era uma das engrenagens que faziam o filme funcionar, hoje é a principal peça da equipe neste início de ano, mas que também continua agindo como uma engrenagem.

Com isso, banhado por toda essa maré de positividade partindo do jogador, não tenho dúvidas de que a comunicação do Bahia viu em Thaciano a oportunidade perfeita para a construção de uma narrativa de um ídolo. A personalidade do jogador, seu jeito extrovertido de se comunicar e o fato de ser nordestino são outros fatores que o aproximam de um imaginário de ídolo ideal; aquele que está intrinsecamente conectado ao torcedor.

Recentemente a TV Bahêa produziu um vídeo sensacional onde Zé Carlos, ídolo do clube e campeão brasileiro em 1988, visitou o CT Evaristo de Macedo. O encontro de Zé foi com Thaciano, que dias antes (pelas redes sociais do clube) mostrou interesse em saber mais sobre a história da segunda estrela. Receber o “aval” de um antigo ídolo para ocupar um lugar na mesma mesa que ele é um fator importantíssimo e que ajuda ainda mais no entendimento do torcedor sobre o que pode vir a acontecer. Isso, inclusive, foi feito com Cauly durante as diversas comparações feitas com Bobô e durante o encontro entre eles no ano passado.

Na visita ao CT, Zé Carlos diz que Thaciano tem sido “um grande exemplo do que é o Bahia”, essa fala possui ainda mais peso quando comparada com o que Clara Albuquerque, autora do livro “Os dez mais do Bahia”, diz sobre a idolatria:  “Afinal, ídolo é um pouco como nosso time, é ele que invade nosso domingo, nossa quarta, nossa terça, nossa sala, nosso coração. […] Que eles nunca sejam esquecidos e que o Bahia possa, para sempre, proporcionar a estes dez maiores ídolos, outros companheiros de vibração”.

Como foi dito antes, o destino também tem ajudado Thaciano nessa jornada rumo à idolatria. No último jogo contra o Caxias, quis o destino que ele fosse o responsável por marcar o gol de número dez mil do Bahia. Uma marca única que somente Thaciano pode se orgulhar de ter, um gol que marcou seu nome eternamente na história do clube.

Claro que ainda é muito cedo e talvez nem seja o nascimento, mas sim a gestação de um ídolo que pode não nascer. Porém os indícios apresentados me fazem pensar que estamos presenciando a formação de uma idolatria, ou ao menos uma tentativa disso.

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