é goleada tricolor na internet
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Publicada em 10 de setembro de 2013 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

O Amor Venceu

Uma vez ouvi que no final, tudo acaba bem, e se não está tudo bem é porque ainda não chegou o final. O Bahia mais uma vez dá uma lição ao mundo ao provar que esse adágio está correto. Quem há alguns meses acreditaria que haveria ainda esperanças para o moribundo Bahia?

Como todo ser humano que se preze, eu ainda tinha um fio de esperança- que considerava apenas um devaneio irracional. Apesar de todo meu desejo negar os fatos apontando em direção contrária, apesar de me recusar a capitular, apesar de entender que a vida real é muito diferente dos contos de fadas… eu ainda tinha esperanças. Eu cantarolava “Apesar de você, amanhã há de ser outro dia…” e lutávamos com todas as forças.

Em meio à luta, eu já havia vaticinado, nos idos de 2010, aqui mesmo nesse espaço, que a saída para essa situação em que o Bahia se encontrava só seria possível “quando esses três reforços forem contratados: profissionalismo, democracia e credibilidade” e ainda tinha afirmado que a credibilidade “é muito mais difícil de contratar, pois para ir a qualquer clube faz muitas exigências.”, pois ela “só vem se o profissionalismo e a democracia forem contratados primeiro. Além disso, ela exige que a transparência esteja presente”.

Como se pode facilmente notar, eles nunca me deram ouvidos…

Nesse mesmo dia, avisei à torcida: “Público Zero, Voto zero e Associação em Massa. Só assim, com a participação da torcida, é que o Bahia poderá se livrar dessa doença.”

A torcida ainda precisaria de mais três anos de muito sofrimento e humilhações, culminando com as duas últimas goleadas para o vice, esse ano, para despertar da letargia e concordar com o meu diagnóstico.

Já no Natal de 2009, eu pedi ao papai Noel “O senhor também poderia convencer aos diretores que o Bahia precisa de associação em massa, democracia, transparência, credibilidade e planejamento e que isso só acontecerá quando o clube for aberto através de eleições diretas de verdade, sem filtros. Na verdade, ‘quem precisa de filtro é água suja, não o Bahia’”.

Percebe-se que o bom velhinho não me atendeu naquele ano, mas nossa luta continuou. Apanhávamos muito mais do que batíamos, mas lutávamos. A luta era solitária e sem perspectivas, mas era o bom combate, que o digam baluartes da luta pela democracia como Emanuel do Prado Vieira, que juntamente com Jorge Maia exerceram o papel do herói indígena Japu e foram buscar sozinhos o fogo do Sol, em ações judiciais que culminaram com a intervenção judicial no clube.

Ainda em 2010, citei Rousseau “sábio é o povo que se submete ao jugo do tirano quando não pode a ele se opor. Contudo, mais sábio ainda o é quando sacode o jugo assim que tem condições de fazê-lo” e convoquei a nação “sigamos, nação tricolor, para o mar, a fim produzir o sal da terra e libertar nossa nação” para isso “dependemos somente de nós mesmos”.

No início desse ano, depois de não aguentar mais tantas humilhações dentro de campo, sem perspectivas para o futuro e bem antes das fatídicas goleadas dos bavices, dei o recado “Até o Papa Renunciou”. Mais uma vez não me ouviram e perderam uma oportunidade para uma saída altamente honrosa.

Mas, quisera o destino que em 2013 meu desejo fosse atendido.

Depois de testemunhar um ultraje a Vitor Hugo, um ícone da luta pelos direitos universais do homem, usado em manobra para afrontar a liberdade de expressão; depois de ver o instrumento de garantia de nossos direitos e liberdades ser usado como ferramenta de opressão, eis que chegou meu presente de papai Noel atrasado em três anos.

A torcida despertou, a sociedade se ergueu, justiça foi feita, o Bahia é livre, a torcida se associou em massa, o estatuto mudou e, abrilhantando os esforços dos que lutaram durante todo esse tempo, um presidente e um conselho foram eleitos democraticamente pelos sócios em voto direto.

Agora, para coroar todo o processo de construção democrática, a posse do presidente eleito e o do conselho eleito de forma proporcional foi realizada em festa aberta e devidamente registrada em cartório, como manda a lei.

No discurso de posse, uma grata constatação: o novo presidente vai focar em democracia, profissionalismo, transparência e credibilidade. Palavras dele “Está na hora de refundá-lo em bases democráticas, com competência, com transparência, com profissionalismo”.

Papai Noel não poderia ter sido mais generoso com a sofrida torcida do Bahia.

Depois de tantos anos de sofrimento, a torcida pode finalmente ter esperanças de que a era da escuridão acabou e dizer a todos que o amor venceu, afinal.

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