Com o futebol cada vez mais valorizado e presente na mídia, onde multiplicam-se as especulações de transferências de atletas, que envolvem cifras milionárias, paixão à camisa virou um objeto raro. Atualmente, poucos clubes no Brasil possuem jogadores considerados ídolos de suas torcidas nos elencos. Esta identificação não acontece muito pela falta de qualidade técnica, mas, sobretudo, pelo tempo acelerado do mundo dos negócios, em que o empresário/agente assume o protagonismo fora de campo.
Se compararmos o Esquadrão de Aço de 88 montado pelo Mestre Evaristo, recentemente homenageado com o título de Cidadão Baiano, que tinha jogadores das categorias de base fundamentais em todos os setores, como João Marcelo, Zé Carlos e Charles, e o time do técnico Cristóvão Borges que disputou o Brasileirão deste ano, fica evidente a falta de organização e planejamento da atual temporada. Que começou desastrosa, com mudanças de treinador e péssimas contratações, e foi atípica pela intervenção judicial que reergueu o clube.
Curioso é que mesmo com todas as dificuldades, nos momentos mais importantes deste ano, dois garotos criados no Fazendão foram decisivos e não os medalhões rejeitados pelos clubes do Sul e Sudeste. Feijão, no Bahia desde os nove anos de idade, que anotou o milésimo gol em Campeonatos Brasileiros, e Talisca, autor do gol salvador que manteve o time na primeira divisão. Apesar destes feitos, o último quase comparado a um milagre, ambos já figuram entre os negociáveis do plantel, aquecendo o mercado financeiro da bola.
O recado é claro e foi bem entendido pela nova direção de Futebol. Ciente que não irá disputar o mercado com clubes que possuem orçamentos bem superiores, o escolhido William Machado já manifestou o desejo de apostar no talento dos mais jovens. Quer aproveitar o comprometimento dos jogadores com o clube, que se desenvolve ao longo de toda a formação enquanto atleta, somado à experiência de um técnico moderno e dos novos jogadores que irão se incorporar às referências do elenco, como, por exemplo, Titi, Fahel e Marcelo Lomba, este uma categoria acima dos demais (ídolo).
Essa fórmula testada e já aprovada, quando bem combinada, rende títulos. Nos últimos anos, o momento nunca foi tão propício para a retomada da trajetória vencedora do Esporte Clube Bahia. A abertura democrática reestabeleceu a sintonia com a torcida, que respondeu se associando e comparecendo ao estádio. Agora, é a hora dela ser retribuída com a formação de um time digno das tradições do maior clube do Norte e Nordeste: filho da Bahia, de todos os santos.
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