Só não podia faltar suor!

O problema não é perder nas quartas de final da Copa do Brasil. Nem perder para o Grêmio. Tá certo que chegar até as quartas da Copa do Brasil não é um feito em si muito impressionante. E o Grêmio não é nenhum timaço. Mas, é um confronto de times grandes e um deve perder, é a lógica de um torneio mata-mata. O problema, na verdade, é perder com esse futebol mequetrefe apresentado nos dois jogos. Mas, sobretudo no segundo, quando o time já sabia do resultado que precisava. Fomos eliminados sem sequer arranhar o Grêmio. No jogo em Porto Alegre, não tivemos nenhum lance realmente perigoso de gol. Nenhum.

Ontem não tivemos nem chance de fazer nosso golzinho sagrado de cabeça, porque nem escanteio tivemos! Nem faltas laterais perigosas, nada! Toda tentativa de cruzamento era feita de faltas na intermediária ou quase no meio de campo. E nem Gabriel ontem estava numa boa noite, sequer pra chutar as bolas paradas.

Por que o time errou tanto? Isso é uma pergunta que podemos fazer em várias partidas. Mas, apatia e falta de vontade é algo que eu não tinha visto neste time ainda, até ontem. Fomos engolidos pelo Grêmio. Que diferença enorme é ter volantes que sabem sair jogando… Fernando e Léo Gago (Souza menos), do Grêmio, não só marcam como passam, lançam, se apresentam na frente e chutam a gol. Não são craques, mas nem isso é necessário. Não temos isso. Nossos volantes até marcam, mas salvo raros momentos em algumas partidas, pouco participam do jogo ofensivamente. Ontem, nem se movimentar como de costume Hélder estava fazendo.

Não temos laterais para apoiar. Fabinho tem a desculpa de estar improvisado. Até aparece pro jogo, mas não é veloz e não avança além da intermediária. Já do outro lado, Gerley… Olha, eu concordo com Falcão quando ele diz que Gerley sai extenuado de campo. Ele realmente se esforça. Mas, isso não basta. Bola quadrada total. Como um lateral de ofício nunca, eu disse NUNCA, vai à linha de fundo? Sem contar os erros de passes primários, especialmente na defesa. Inclusive, um deles deu origem ao segundo gol gremista.

Isso mata o esquema de contra-ataque de Falcão. Primeiro, porque os volantes não sabem sair e passar a bola. Isso obriga Gabriel e Lulinha a voltarem muito pra buscar o jogo quase na defesa. E os laterais não avançam bem pra apoiar, o que os obriga a tentar jogar com Ciro, isoladão lá na frente. Magno não é armador. Ele pega e parte com a bola dominada driblando. Mas, jogando de meia, busca o jogo no círculo central e, aí, só se fosse Maradona pra sair driblando desde a meia cancha até o gol adversário.

Mas, então Falcão olha pro banco… Como confiar em Zé Roberto nessa péssima fase técnica que atravessa? A série de desfalques importantes (simplesmente quase metade do time titular. Conte aí: Ávine, Souza, Morais, Madson, titulares absolutos. Coelho, Vander, Jefferson, reservas imediatos) contribui para que a montagem do time seja capenga. Mas, ontem, Falcão também parecia preguiçoso. As alterações foram todas de seis por meia dúzia e não ajudaram em nada a movimentar e encorpar o time.

O Bahia precisa de reforços, isso é óbvio (e válido pra todos os times). O jogo de ontem foi absurdamente ruim, mas não precisamos tirar conclusões apenas por ele. O time não vence há quatro jogos. O que antes parecia um mérito (o gol contra o Conquista no apagar das luzes, que era tido como a prova que o Bahia voltava a ter estrela, a acreditar até o fim etc.), hoje já pode ser visto com desconfiança, como “se suamos pra ganhar do Conquista, imagine no Brasileirão…”.

Ainda acho que este time pode melhorar muito. Sobretudo, com a volta dos contundidos. Mas outras contusões virão. E suspensões. É preciso engordar o elenco com jogadores que possam ser titulares. Eu não acho que Angioni está sentado na poltrona vendo DVDs e recebendo proposta de empresários amigos. Prefiro pensar que ele é um cara sério, preocupado e comprometido com o projeto de levar o Bahia a melhores posições em todos os campeonatos que disputar. E é por isso que vou aguardar ansiosamente as próximas semanas por reforços.