é goleada tricolor na internet
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Publicada em 20 de abril de 2023 às 11:55 por Djalma Gomes

Djalma Gomes

Uma casa não se constrói do telhado para baixo

É muito sentimentalista a forma como funciona o raciocínio do torcedor movido full-time pela paixão. Só que, no futebol, o planejamento é essencial para que os objetivos sejam alcançados, e isto depende muito de tempo. O Bahia saiu da fase do imediatismo e inicia uma fase planejada a médio e longo prazo. Agora, imaginar que todo um planejamento para longo prazo tem de dar resultado em 3 meses e 15 dias – de janeiro até o jogo contra o Bragantino –, quando uma mudança estrutural e cultural monstruosa ainda está acontecendo, inclusive, passível de correções como vem ocorrendo, definitivamente é uma imaginação que tem zero de sensatez e tudo de estupidez. 

Não dá para ser assim porque uma casa não se constrói do telhado para baixo. A torcida, em sua maioria, criou uma expectativa muito acima do possível para um Bahia a curto prazo e faz desse sonho uma verdade velada. Isto remete-me a um herói da mitologia grega, que, após ter moldado homens de barro, foi ao Olimpo e trouxe o Fogo dos Deuses para dar-lhes vida. Noutro dia escrevi num grupo Tricolor e vou repetir aqui: está na hora do torcedor deixar as críticas da paixão ardente de lado e confiar no novo projeto Tricolor. 

O torcedor tem o direito de cobrar, mas tem o dever também de ajudar para ver seu sonho se realizar. Para tanto é necessário entender a própria necessidade do tempo porque dinheiro facilita, mas não realiza se usar ele de forma açodada. Nenhuma SAF fará milagre a curto prazo só porque o investidor tem muito dinheiro. O processo Tricolor é pensado para dar resultados e não para resultar em fracasso.  São muitas as dificuldades para contratar jogadores prontos e, por esse motivo, o processo passa pelo investimento em jovens promessas, contratações mais robustas e pela paciência de todos. 

Falar que o Grupo City não está nem aí para o torcedor é uma conclusão com visível falta de conhecimento da causa. É claro que o proprietário do Bahia se preocupa sim com a torcida. Por que será que o City não comprou um clube sem tradição e sem torcida, no Brasil? Há tantos deles, não é mesmo? Por que será que o escolhido foi o Bahia? É simples a resposta: o Bahia era presidido por um empresário inteligente e astuto com a grandeza de quem está no foco dos negócios para não perder as oportunidades de cada momento. Foi assim que Guilherme Bellintani viu um “cavalo encilhado” passando à frente dos seus olhos e não pensou duas vezes para montá-lo. 

O City, por sua vez viu no Bahia uma torcida apaixonada, presente, e, sobretudo imensa, posto que é a maior do Nordeste e uma das maiores do Brasil. Isto pesou muito na decisão do grupo investidor para comprar o clube. Recentemente, quando a torcida começou a duvidar do projeto, imediatamente houve resposta em forma de contratações pontuais. Carlos Santoro deu a sua primeira entrevista dirigindo-se exclusivamente ao torcedor Tricolor através da TV Bahêa, explicando-lhe como funciona o projeto e qual a importância do torcedor dentro desse projeto.  

Cadu Santoro falou ainda sobre o investimento feito até então no futebol e disse que a busca neste momento é pela estabilidade do time, neste ano, como preparação para o ano seguinte, mas que, se precisar investir mais alto para colocar o Bahia no ponto que eles desejam, isto será feito. O Bahia escolheu o City e este escolheu o Bahia por respeito à história, à tradição e o porte do clube. Isto teve o peso maior para essa escolha. Será que o torcedor não faz parte desse contexto que gerou o interesse do Grupo City pelo Bahia ao ponto de adquiri-lo? Só a falta de atenção às coisas que estão acontecendo no Tricolor gera esse estado de impertinência sobre o Bahia atual, em alguns críticos.  

 RENATO PAIVA 

No meu modo de entender seu trabalho, acho-o competente e conhecedor da metodologia do grupo que é dono do Bahia. Se enquadra na filosofia. Porém, parece não perceber que trabalha num time de massa ao não aceitar algumas críticas construtivas – azedas, às vezes – pertinentes aos seus métodos, não raro, misto de incongruências que atrapalham seu próprio trabalho interferindo no resultado objeto. Se Renato abandonar o pardalismo se tornará melhor porque dedicação, força para o trabalho e conhecimento, não lhe faltam. 

No primeiro jogo pelo Campeonato Brasileiro ele resolveu sacar Acevedo e colocar Yago Felipe com a estapafúrdia desculpa de que Acevedo ainda não tinha experiência para jogar na série A. Ora, então ele precisaria sacar também o Chavez e colocar Matheus Bahia – que aliás, está num momento muito bom e tecnicamente superior ao momento do Chavez – porque critério é critério e não injustiça. Então, meu caro Renato, teria sido melhor você não explicar o que não tem explicação depois de ter “cedido o resultado” do jogo ao Bragantino.  

 JACARÉ 

Jogador muito útil que, em minha opinião, merece com todos os méritos ser o titular da posição. Problema é que, às vezes, se acha um craque e resolve tomar decisões equivocadas. Por exemplo, quer ser o batedor de todas as faltas – inclusive o pênalti na decisão contra a Jacuipense – e, não raro, resolve inventar toques refinados que não são o seu forte. Acho, também, que seu comportamento fora de campo o expõe demasiadamente e isso pode prejudicá-lo no futuro. Ser discreto é um estilo de vida, saudável. 

RICARDO GOULART  

Recentemente escrevi nesta coluna: Ver Goulart tentando ser o jogador que foi no passado dá até dó. Não era uma crítica irônica, era uma constatação penosa da minha parte. Não era culpa sua, é culpa do fortuito cruel, essas coisas que o destino decide num lance qualquer de um jogo qualquer. Entretanto, foi para este colunista uma honra poder ver você jogando pelo Bahia sem decepcionar, jamais. Mas você já sabia que não valia mais a pena dar continuidade à sua vitoriosa carreira. Boa sorte, Goulart! Tenha certeza de que o torcedor reconhece a tua nobreza.

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