é goleada tricolor na internet
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Publicada em 23 de novembro de 2007 às 00:00 por Autor Genérico

Autor Genérico

Uma ode ao eterno

Meus amigos, se vocês foram para a Fonte Nova na quinta-feira, nem precisam continuar a leitura desse texto, porque eu vou chover no molhado. Se não foram, vou tentar irrigar os seus sentidos, para fazer germinar umas poucas das muitas sensações de quem esteve presente.

Foi uma noite memorável, bem no sentido literal, porque foi digno de ficar na memória – certamente não só na minha. E o Bahia finalmente se encontrou e se soltou, bem na noite do dia em que prenderam Marcelo Guimarães. Não estou insinuando que uma coisa teve a ver com a outra, nenhuma relação de causa e efeito. Só estou constatando e registrando essa curiosa coincidência.

O Bahia voltou a jogar, meu povo. Não a jogar com qualquer qualificativo. A jogar, ponto. E foi arrasador. Depois de intermináveis e recentes eras em que tenho comparecido à Fonte Nova para testemunhar um espectro pálido do meu tricolor – um time sem alma e se movimentando sempre meio aparvalhadamente em campo -, finalmente, ontem, ele ressuscitou em todo o seu esplendor e glória (com o devido perdão dos mais sensíveis para o potencial herético desse comentário).

Pode ser a emoção pós-jogo, não contestarei opinião em contrário, mas nunca jamais em tempo algum eu vi um time do Bahia anular tão completamente um adversário, jogar com tanta gana e aplicação, quanto no primeiro tempo dessa partida contra o ABC de Natal.

A movimentação dos jogadores foi frenética e coordenada. A zaga, sempre segura, percebendo o espaço deixado pelo time do ABC, saía jogando com desenvoltura, penetrando no campo do adversário, ora com Eduardo, ora com Rogério, ora com Alisson. Sem falar no apoio incessante de Adilson pela esquerda e um pouco menos com Luciano Baiano pela direita.

Fausto recebeu a difícil e estratégica missão de anular Juninho Petrolina, o cérebro e melhor jogador do ABC, revezando-se nessa tarefa com Emerson Cris. Eles não só conseguiram esse feito, como também ainda aniquilaram todos os outros jogadores que se aproximaram da zona de criação. E acharam fôlego, tempo e espaço para ir à frente atacar.

Elias foi escolhido por algumas emissoras de rádio como o melhor jogador em campo. Não foi. Ele teve, sim, foi um aproveitamento fantástico nas conclusões que se lhe apresentaram. Não foi tão muito bem nas cobranças de falta e de alguns escanteios. Eu o colocaria na categoria de hors-concours, porque quem faz dois gols como os que ele fez, merece um posto de respeito. E em seu lugar entrou Ávine, que marcou o terceiro gol. Então concluo que ontem os astros reservaram privilégios a quem jogasse nessa posição de meia-esquerda.

Nonato e Moré buscaram espaços, se infiltraram, tabelaram e praticamente desenharam o primeiro gol, que começou com Nonato na meia-direita armando a jogada para More no pivô deixar com açúcar para Elias encher o pé e fazer o primeiro gol, que só não estufou lindamente as redes, porque as redes da Fonte Nova são, infelizmente, inestufáveis.

Na beira do campo estava um dos prováveis responsáveis por toda essa seqüência de acertos: o técnico Artur. Nem vou ousar colocar o nome dele no diminutivo. Ontem ele foi superlativo. Fez tudo certo: da escalação às substituições; da armação tática às interferências durante o jogo.

Foi um baile. Um concerto. Sabe uma orquestra sinfônica? Aqueles arcos dos violinos movendo-se simultaneamente, os cellos fazendo os contrapontos, os sopros dando a consistência e colorido, a percussão ditando o ritmo e as pulsações? Pois foi isso que eu vi e senti. Foi música, meus amigos! A música sendo escrita em campo nas linhas e superfície da pauta do gramado e o coral de privilegiados espectadores, também protagonistas e solistas, lendo a partitura e entoando odes ao eterno e ao belo.

A Fonte Nova cantou como nunca eu houvera visto e ouvido. Parece que estávamos ensaiando de há muito para uma execução de gala. Aconteceu aquela tão sonhada sintonia entre o time e a torcida. Os cânticos diferentes iam se sucedendo e tudo parecia milagrosamente afinado. E incessante. Do primeiro ao último minuto do jogo eu acompanhei a mais bela trilha sonora da minha vida. Ainda bem que eu vivi até aqui para presenciar esse espetáculo. Valeu Bahia! Muito obrigado!

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